Algures no mundo


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Casamento da Sam. 17 Julho 2022.

Os sapatos não cabem nos pés. O soutien é inexistente (excepto na ida, claramente). Este cabelo foi um mix de vento do carro e uma cera qualquer que dava para o chão, de certeza. A maquilhagem feita em andamento (mas admito que parada não ia ficar muito melhor). E tenho 5 crianças em casa com mãos, pés e boca (a doença e não os membros, que esses têm sempre). É isso peeps. E o meu marido diz que leva botões de punho da Lego para montar qualquer coisa. You guess what, minha gente. Ora, this is us, no bosque, para vocês. (Normalmente seria um vídeo, mas ficam as fotografias).


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Fim-de-semana be like. 12 Julho 2022.

Ai filhas. Estou aqui no meio do Gulbenkian à espera para fazer uma sessão e vou muito rapidamente dar-vos um lamiré (bela palavra) do meu fim-de-semana (se me lembrar, que hoje em dia mais do que 2 minutos já conta como o ano passado). Sábado fui fazer sessões e agradecer a Deus nosso Senhor por aqueles momentos de pausa de deixar os meus para aturar os dos outros (e digo isto com amor, que com os filhos dos outros posso eu muito bem!). Estavam 40 graus à sombra, como diria os radar kadafi meio a gozar, e eu digo muito a sério, mas isso é nada comparado com calor os meus miúdos me trazem (adoro-os, mas ando há um mês e meio com eles sempre atrás, sem escolas e tal, e estou quase a trepar a paredes). 
Depois foi um vamos ali à praia e ao fim do dia houve jantar de anos em minha casa. Num quinto andar. Que rapidamente estava sem elevador, porque, well, o elevador também sentiu demasiado calor e decidiu não se mexer mais. 
Acaba quase à meia-noite e no dia seguinte às 6:30 já estava num autocarro para o Algarve para um dia de despedida de solteira da minha querida @eatlovewithlove depois de mandar as mão à cabeça a achar que ia perder o autocarro que o senhor do uber estava claramente no boda quando disse que me vinha buscar e demorou séculos). 
Dia de praia óptimo! Gente impecável. Comer frango com as mãos e batatas fritas de pacote. Volta para Lisboa e jantar com a @itsuptoyou_rach (e que bom conhecer gente boa onda e com cabeça!) e pronto. Agora era só chegar a casa. Gentxi, chego a casa, subo no elevador. Não tenho chaves. Toco devagarinho à porta. Depois um bocado com mais força. Mas não quero acordar os miúdos. Toco again. Uma das vezes até à campainha. Nada. Bateria do telefone morta. Well, deito-me nas escadas, olho para a garrafa que tinha ao lado, de água, e penso que vai ser onde vou fazer o meu xixizinho, se precisar, rezo para acertar no buraquinho e pronto, o fim de semana acabou comigo a dormir do lado de fora da minha porta. No chão. Tudo para não acordar crianças, que o sono delas é muito importante para mim. E para a minha sanidade.


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Minha Jo. 29 Junho 2022.

Mãe, vamos dar um waterslide à tia Joana? Não! Damos a pequena sereia. E é isto, a discussão dos meus filhos. Porque a Joana é a miúda mais miúda que conheço. Que gosta de waterparks e da Disney como se não houvesse amanhã. E sabe todas as músicas pimba possíveis e imaginárias. E veste roupa que ninguém sabia que ainda existia a não ser num armário dos anos 80, perdida. A Joana é aquela miúda que manda postais personalizados. E presentes pensados ao mais ínfimo pormenor. Adora fazer anos e viajar. E adora a Ursula. A Joana é a maior drama queen que eu conheço e das melhores amigas existentes. A Joana mudou a viagem dela ao Hawaii para me visitar em Austin 2 dias, e nunca diz que não a um concerto (ok, vou ignorar que disseste que não ao último convite). A Joana percebe de música como poucos, de filmes e de qualquer coisa que implique cultura. A Joana teria sido inventada, se não tivesse nascido, assim como era alemã, antes de o ser. A Joana é especial como só eu sei. Ou qualquer amigo dela sabe, para dizer a verdade. A Joana tem uma memória melhor do que a de um elefante e um coração maior do que o de um dinossauro. A Joana foi sempre das primeiras a visitar-me na maternidade, e a gostar dos meus filhos quase tanto como eu, e por isso é madrinha de um deles. A Joana é a Joana. E se há coisa boa nesta vida é eu poder ser amiga dela. Ou ela minha amiga, que é bem mais especial. Um beijinho do tamanho do quanto eu gosto de ti, minha Jo. Que sejas sempre miúda. E sempre minha amiga. Parabéns! (Ps: eu sei que temos fotografias bem melhores, mas se fosse procura-las, este post não saía hoje:/).


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Algarve de bike. 29 Junho 2022.

Ora bem vamos lá. Então que íamos ter o nosso fim-de-semana a dois e andávamos a ver o que fazer e para onde ir. A certa altura o Luis manda “Marrocos” para o ar. Mas ia ser um balúrdio e era um disparate (que 2 dias e meio em Marrocos só é mesmo para dizermos que tínhamos ido). Os preços de qualquer transporte estavam absurdos à pala dos preços do petróleo e portanto eu saio-me com um: e ir fazer a Costa Alentejana de bicicleta? 
E assim foi. O Luis ia ter um pequeno surto, porque queria era ir ler um livro de papo para o ar, mas quando o chamei de velho, rapidamente mudou de opinião. Os bons argumentos ganham sempre. 
Adiante. Depois de umas idas à Decathlon e a um senhor que vendia coisas no Olx de bicicleta, we were so ready. Bem, so ready mais ou menos que no dia da partida eu tinha dormido pouquíssimo, mas uma das irmãs do Luis ficou-nos com as crianças (gracias Ana, és a maior!), uma das minhas irmãs (mesmo doente), levou-nos a Setúbal ao ferry – obrigada também, Kika – e só podia correr tudo bem. Tínhamos um plano mais ou menos feito (o Luis tinha, que eu só queria era ir e tinha deixado os planos para quem percebia do assunto), e depois de tirarmos a fotografia em que a minha irmã solta um: “ah, parecem tão felizes, quero ver daqui a umas horas”, lá fomos. 
Digamos que eu estava meio nervosa e por isso fui directa para a casa de banho (espero que apreciem os pormenores) e assim que saio, a 8 minutos de apanhar o ferry, o Luis diz-me que um sapato se estragou. Tipo, a sola e o resto já não eram um só. Sempre bom, até porque ele tinha daqueles sapatos tiroliro de agarrar ao pedal. E olha, agarra ao pedal, mas não estava a agarrar a mais lado nenhum. Sem hesitações vou a correr ali à volta e trago cordel, fita-cola, uma tesoura. Tinha tudo, só não tinha comparação. Lá consegue agarrar o sapato e está como novo. Mais ou menos. Mas dentro so possível está impec. Vai daí que assim que entramos mesmo no ferry, olhem amigos, acontece o mesmo ao outro sapato.

Espectacular. Ele tira o cordel do outro, vira MacGyver, corta o cordel numa parte do barco, a raspar, como eles fazem nos filmes de acção a libertar-se dos maus, quando estão com as mãos presas, e ecco, cordel para os dois. Tudo arranjado. Ainda nem tínhamos começados a pedalar e já tínhamos 2 sapatos down. Sendo que agora já estavam up. Podia ser pior. 
Atracamos e here we go. Assim que saímos do ferry eu engano-me a vou para a direita e lá tenho que ouvir o Luis e dizer: mas claro que era esquerda, vamos para o Sul. Gentxi, eu sou uma flor, mas de Rosa dos Ventos tenho muito pouco, portanto é bom que as indicações dadas sejam explícitas, ou em vez de irmos para o Algarve, vou acabar no Baixo Minho. 
Pronto, e foi aqui que eu rapidamente me arrependi da escolha de viagem. Pedalava, pedalava. O Luis na maior e eu com os bofes de fora. Passado um bocado diz-me, cheio de alegria, já fizemos 1% da nossa viagem e eu hesitei, por momentos, se o atirava ao chão e fugia, ou se me fingia logo de morta e pronto, acabava-se ali a brincadeira. 
Mas nada disso, zero parte de fraca, e de máquina a tiracolo lá ia fotografando ao mesmo tempo que ia tremendo cada vez que um carro passava por nós (admito que as barritas energéticas que o Luis me ia pondo na boca me davam um belo boost. E me faziam pensar ao mesmo tempo que ainda ia engordar nesta viagem, se continuasse àquele ritmo. De pernas. E de boca). Paramos à beira da estrada 20 minutos para xixi e umas empadas e continuamos que a certa altura parar é morrer. Andamos e andamos e o meu rabo já começa a falar comigo (e não fossem os meus calções lindos, e ele não falaria, gritaria mesmo!). O Luis ia mandando palavras de incentivo, e às vezes ia lendo factos random de sítios que íamos passando, como a relação entre Vasco da Gama e Sines, passamos pelo nosso sobrinho no meio de uma via rápida qualquer e finalmente vemos mar. Ah, maravilha. Decidimos que ainda vamos à praia um bocado, mas já era tão tarde para mim, que aquilo é só mesmo para descansarmos uma hora e eu nem tiro a minha roupa (coisa aliás que nunca aconteceu durante os 3 dias que se seguiram).

O Luis foi ao banho, comprou um prego e eu ferrei 40 minutos na toalha. Siga então que vamos jantar a Almograve. Assim que salto para o selim, upa upa, reviro os olhos que o meu rico rabinho merecia ser mais bem tratado. Mas é o que há. Andamos e andamos e as 9 da noite chegamos ao restaurante. Senhores, sai um belo arroz de tamboril, ameijoas, mousse de chocolate, tudo a que tínhamos direito. Eu, podre de sono e cansaço e o Luis bastante mais tranquilo. Vamos até à praia, depois de percebermos com o senhor do café (e um pescador que lá andava) se a água ia até às rochas ou não (que dispensávamos morrer afogados nessa noite) e lá nos explicavam também o melhor sítio para montarmos a tenda. “As marés estão mortas” disse-nos ele, e eu pensei que antes elas do que nós, e off we went. Chegados à praia às 10 e tal da noite, sem nenhuma lanterna, a não ser aquelas para irem em nós e as dos telefones, lá começamos a montar a tenda (ah, tanta piadinha que podia ser feita aqui). “Pára, pára, pára, está ali a polícia. Deita-te”. E pronto, a sentirmo-nos delinquentes que estavam a fazer algum disparate gigante, desligamos as poucas luzes que temos e encostamo-nos à rocha, com a tenda ainda no chão (que era uma tenda de varetas e não das de 5 segundos). Os polícias de lanternas a apontar para todo o lado e nós só queríamos rir, mas não fazer barulho. (Acho que o Luis continua, ao fim deste tempo todo, a pensar onde é que se foi meter quando casou comigo, já que ele é a pessoa mais certinha do mundo, mas pronto, c’est la vie, e neste momento ele foi meter-se no meio da praia, encostado às rochas, a fugir de lanternas da polícia). Lá se vão embora e às 11:30 estávamos ferrados a dormir. Ele sem saco-cama, eu sem esteira, mas tudo bem. Quando acordei, já tinha o Luis a brincar com o drone na praia, foi dar um mergulho (o segundo desde que tínhamos saído de Lisboa, e aqui a porquita continuava sem ver água perto. All good). Vamos a sair, e está de carregar as bikes, bem pesadas com tudo, 50 ou 100 escadas (bem, não sei se foi mais difícil para cima ou para baixo, que não havia luz nenhuma a descer), e bang, começa a chover. Boa! Sempre deu para eu tomar um banhinho.

Já tínhamos tomado um belo dum pequeno-almoço, que decidimos fazer um desvio no dia anterior para parar na mabi e levar 5 croissants (que somos gente de alimento) e senhores, que maravilha. 
Hop on na bicicleta e lá vamos nós. Nossa Senhora, se eu já acordei a morrer de dores em tudo, vou-vos poupar saber como me senti quando o meu rabo tocou naquele banco again. Quis deitar uma lágrimazinha, admito. Caramba, estava morta. Ele era rabo e pipi. Pernas, costas, pés. Oh gentxi, you name it. 
Pois que depois de 125kms no dia anterior, os primeiros 10 voltaram a custar p’ra burro. 
E depois metemo-nos por estradas secundárias. Ou terciárias. Na verdade, com jeitinho, considerando algumas delas, nem sei se dá para lhes chamar de estradas. Algures por lá, o Luis espeta-se. Ah pois é, bebé, que os sapatos estão estragados, mas ainda agarram bem à bike e vai daí que não deu tempo para tirar do pedal, e olá chão. Areia, vá. Até gostamos de nos rir um bocado. So all good. Voltámos para trás, à procura de qualquer caminho que nos levasse a sul. Isto porque tínhamos 3 telefones connosco, mas um não tinha net, outro não tinha gps e outro não tinha nada de nada. Super úteis, todos. #soquenao. Andámos, andámos andámos. A certa altura era só seguir ao lado do canal de água. Lado esse que estava cheio de silvas e eu não sei se estava com mais medo de arrancar a pele das mãos e das pernas ou de cair para o água (que tenho um grande amor à minha máquina). A certa altura, viro o guiador para um lado, pico-me um bocado, viro para o outro, desequilibro-me e senhores, quase que fui ao charco. Só quase. Travei a fundo, o Luis, que vinha too close, ia-se espetando em cima de mim (e tudo isto num bocadinho de terra, que o trilho era finíssimo). Mas all good. All good, se o canal chegasse ao fim, coisa que demorou séculos. Vai daí, que mesmo antes de Odeceixe vem uma descida que ohminhanossa, eu tinha medo só de olhar. Medo de derrapar, entenda-se. Mas tudo bem, piano piano se va lontano, e não sei se fomos longe, mas pelo menos chegámos ao fim e à cidade. Acontece que há a estrada normal para passar Odeceixe e há a que nós fizemos. Queria bater em alguém. Mais precisamente no Luis.

Desmontei uma ou outra vez, ainda pedi água lá numa casa qualquer que tinha a porta aberta, comi uma barra energética e pronto, off we go. A ideia era chegarmos à Praia da Carreagem, fazer praia um bocado e seguir até Vila do Bispo. 
Lá pelo meio, o Luis pára para tentar ver no mapa inútil por que estrada era, eu não percebi que ele parou. Ele não percebeu que eu andei e olhem, perdemo-nos. Eu sem telefone. Ele sem o amor da vida dele. Ambas as coisas importantes, claro. Depois de 2 kms (ou por aí), achei estranho ele não vir e sentei-me à beira da estrada até que chegou um jipe e me disse que o meu marido estava à minha procura. Voltei para trás e bang, ele estava fulo. Achava que me tinham raptado e cenas. Revirei os olhos. Mas quem é que no seu juízo me raptaria no meio do Alentejo? E acima de tudo, quem é que não me devolveria assim que percebessem the pain in the ass que eu sou? Mas o Luis estava convencidíssimo que eu tinha sido raptada e até tinha “mandado” carros à minha procura (por haver um cruzamento), ai, um drama. 
Mas adiante, lá chegamos à praia, dormimos 2 horas, depois de descer 200 mil escadas (mas ao menos não tinha quase ninguém!) e ready to go. 
De lá vamos directos para Vila do Bispo e eu explico, tin tin por tin tin, que se queremos chegar a horas de jantar (que já eram 5:30 da tarde), que não dá para irmos por trilhos again. Além de que eu estava podre (mas isso era secundário para o caso, que eu tinha mais fome do que estava cansada). Marcamos restaurante e só faltam quase 2 horas. All good. 
Era bom, não era. Chegamos a Aljezur e, primeiro, sabem como os castelos se construíam nos cumes? Pois, eu vi o cume com todos os meus olhinhos. Mandei um carambas com F grande várias vezes, e queria cortar os pulsos a subir a encosta para o castelo que o Luis insistia em ser o melhor caminho para bikes. Well, já quase lá em cima, uma senhora diz-nos que por ali não dá para ir para Vila do Bispo. Mas o Luis sabe. E tem que dar. Va bene. Va bene o cacete, que assim que chegamos lá acima, nem rampa tinha. Escadinhas, amigos, escadinhas. Eu mandava raios com os olhos, mais ou menos como as meninas do Austin Powers mandam pelas maminhas.

O Luis garantia que o Google Maps dizia que ali estava certo e blabla, mas eu já nem o ouvia. Continuamos a subir (sim, havia outro monte ao lado) e os minutos para Vila do Bispo sem diminuirem ao ritmo que diminuíam no relógio. Continuamos e passamos para terra batida. Neste momento eu já só rosno. Subimos, descemos, subimos, descemos, subimos. Subimos. Subimos. Caramba com F grande again. São 7 da tarde. Explico-lhe que temos que ir apanhar a nacional. Subimos again uma subida gigante only to understand que estamos quase na Arrifana e que afinal tínhamos que voltar para trás e entrar por mais terra batida. Se já estão perdidos na história, imaginem nós. O gps já não dá nada, a bateria também já é quase inexistente. A do telefone e a minha. 
Eu estou claramente a ver que vamos voltar a dormir na tenda, coisa tranquila, não fosse estarmos agora no meio do mato, sem nada à volta, e nós sem comida (a não ser barras energéticas). 
Falam-nos de uma casa qualquer por ali. Um turismo rural, pelo que percebi. Entretanto já são 8 da noite. E nós no meio do nada, sem saber a que horas íamos chegar. Segundo o Luis, isto era uma bomba relógio. E por “isto” entenda-se: eu. (Oh como ele me conhece bem!). Paramos ao lado da única alma que por ali andava que nos diz meio a sorrir (vá a gozar com o facto de ainda pensarmos ir para Vila do Bispo aquela hora). Eu, torta, digo claro que sim. O Luis, sem insistir – que insistindo era certo que íamos para onde eu queria – diz-me que era melhor descansarmos. Lá subimos mais um monte e bang, turismo rural my ass. Começo a ver Jaguares e Mercedes e outros carros que tais e penso que claramente aquilo não é a minha liga. Eu e a minha bicicleta alugada (até poderia ser a do Luis, que ele é chique. Mas eu é mais pé de chinelo!). E bang, entramos, eu começo a explicar a situação, mas devia estar meio engasgada que só quando o Luis chegou é que eles perceberam que queríamos um quarto. Oiço uns valores por alto e sai-me um: vamos claramente dormir na tenda, sorry. O Luis manda-me ir ver a vista e uma das recepcionistas vem comigo. Besties, portanto.

E bem, não sei bem o que se passou, mas sei que mesmo com o nosso estado, fomos mesmo mesmo bem tratados. Vamos jantar no restaurante do sítio. Óptimo, por sinal. Super banbanban. Eu até tinha uns calções de ganga e uma tshirt mais ou menos, mas o Luis só tinha aqueles calções lindos, justinhos, sexy, com almofadinha birubiru, ou um fato de banho meio para o fluorescente e também justinho (porque, well, lhe comprei o número errado no ano passado) e aqueles tenis estragados, com cordel a prender (que ele decidiu deixar no quarto e levar os chinelos de quarto, 5 números abaixo, porque mesmo assim era melhor do que os ténis). Amigos, éramos o casal mais fashion do restaurante. Claramente. 
Ah, e nem vos falei da banheira (que depois de eu ter estado lá dentro podia bem ser chamada de tanque dos gladiadores, de tão preta que ficou). Mas adiante. Foi isso, foi dormir. Foi ter amigos alemães a irem ter connosco meia hora porque estavam pela zona, e já não os víamos há 5 anos, foi massagem no dia seguinte, porque olhem, o Luis insistiu e eu estava com os ombros a arder (provavelmente da máquina a tiracolo) e foi sair de lá a correr, super indicado depois de uma massagem, que tínhamos que ir apanhar o nosso Mercedes também.
Assim que saímos, ecco! Perguntámos para onde era e mesmo assim conseguimos enganar-nos again. Andámos mais 30 minutos por altos e baixos e terra batida again e finalmente chegámos a Lagos. A 40 minutos do nosso autocarro partir. Fomos de bikes, voltámos de Mercedes. Da Rede de Expresso. Belas férias. Agora a pergunta é: where do i sign up para as férias nas Maldivas? 
E vocês, quais foram as férias mais radicais que fizeram?


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Casados há quanto? 25 Junho 2022.

Faz hoje 7 anos e 27 dias que fazemos anos de casados (no próprio dia este ano eu estava furiosa contigo). 
Mas não quero deixar passar, porque 7 anos é muita fruta. E muitos filhos. E, no fim do dia, muito de tu e eu. Na verdade, muito mais de tu e eu do que o resto tudo. Ontem disseste-me, tranquilamente, “tu tens tanto de espectacular como de teimosia”. Considerando a minha teimosia, vou assumir que me achas o máximo, mas não é isso que importa. Aliás, não era isto que eu queria dizer, i just got carried away. Há umas noites perguntei-te, mesmo antes de adormecermos, se achavas que nos iríamos separar (sim, welcome to me). Respondeste-me que esperavas que não. Acrescentei um: e achas que o nosso casamento podia ser melhor? “Não.”. Ora, claro que me saltou a tampa, porque tudo pode sempre ser melhor e por isso estavas só a falar da boca para fora (coisa que odeio!), ao que tu me disseste: Maria, nós somos o que somos e fazemos o nosso casamento óptimo. Tudo o resto ia ser uma ilusão. 
Caramba, tanto que tenho a aprender contigo. Essa tua capacidade de aceitação desarma-me todos os dias. E a de me aturares também. 
És um exemplo de resiliência, e de ver o bom mesmo quando duvido que haja algum. És um exemplo de “fail, fail again, fail better”. Nada é um obstáculo para ti e alinhas sempre no que peço. És um cavalheiro que me abre sempre a porta do carro, mesmo ao fim deste tempo todo. Uma pessoa que me ajuda em tudo, mas sem nunca mostrar que está a ajudar, para eu não recusar imediatamente. Estás sempre para o que é preciso e aprendeste a gozar contigo próprio, que é uma coisa que adoro. (Aliás, até já fazes piadas com graça e tudo!). 
És alguém que me percebe, sem perceber nada na maioria das vezes. Percebes o que quero, não o porquê, e ainda assim questionas pouco, mesmo questionando muito outras coisas. 
Vivemos muito antes de sermos um nós, e por isso sabemos sem dúvida que isto assim é bom. E o melhor que podíamos ter. 
E por isso, acho que nunca vou encontrar uma pessoa que me traga tanta estabilidade e felicidade como tu e isso chega-me tanto, que espero que chegue para chegar para a vida toda. 
À nossa. Com filhos. Mas também à nossa sem eles.


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14 de Junho 2022. Parabéns a mim.

Este texto é um tanto ou quanto egocêntrico, só para deixar um disclaimer e não irem ao engano. 
Hoje fiz anos e caramba se não é o dia que mais adoro no ano (egocêntrico, like i said). Eu sei que há muita malta que não gosta de envelhecer e não gosta sei lá eu do quê, mas eu adoro. 
Adoro aquelas mensagens queridas (sim sim, não é bem aquelas do “parabéns” e boa noite) todos os telefonemas, mesmo os que não atendo. Adoro perceber que alguém se lembrou de mim, que me falem de alturas especiais, só nossas. De mensagens lamechas. Adoro tudo isso. Adoro pensar numa festa para as pessoas de quem gosto. Adoro os presentes. O tempo que alguém dedicou à minha pessoa. 
Adoro que haja tanta gente que é importante para mim e para quem eu represento alguma coisa. 
É que sabem, hoje em dia (ou desde sempre, sei lá) parece que só se diz bem de alguém quando esse alguém morre. Isto quando se morre é uma maravilha, que toda a gente vira a última coca-cola do deserto. Mas depois de morto, well, aquelas palavras valem de pouco. 
Pois eu adoro a parte em que o dizemos enquanto estamos cá. Para ouvir, receber, e saber que fazemos alguma diferença. 
E por isso, obrigada. 
(Fotografias tiradas pela minha irmã, hoje, depois de lhe suplicar que me tirasse umas quantas, já que a minha família me acha ridícula nestas coisas e me manda pentear macacos. Mas oh well, é o que há para a janta. Isso e uma bela picanha, que o meu marido grelhou enquanto estava de phones no meio de reuniões. Melhor era impossível. A picanha, o jantar, o marido, a família e este belo dia de praia).
Quem aí também adora fazer anos?


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Sozinha. Só que não. 7 Junho 2022.

Isto é andar sozinha com eles. Um constante equilíbrio desequilibrado. Milhentos berros e milhentos e um sorrisos, mesmo que ainda haja mais revirar de olhos. Agarram-se a mim tanto quanto fogem por aí. Normalmente a brincar, porque tudo é uma brincadeira. Não querem nunca ir, mas também nunca querem ficar. “A nossa casa” é um conceito lato, que no fundo fica completo quando estamos todos, portanto é meio indiferente se é aqui, ali ou acolá. Andar com todos sozinha já faz parte da mobília. Já não tenho medo, ou fico nervosa (também não sei se alguma vez terei ficado). Conheço-os melhor do que a palma da minha mão. Sei exactamente o tom com que devo dizer “pára” para pararem. Ou o que preciso de fazer para que não comecem a chorar. Confio a 100% neles, e na maneira como eles funcionam. Todos diferentes, todos iguais, já dizia a Benetton. A minha paciência dobra quando somos só nós, que não há um outro lado para balançar, então lá tenho que ser eu a ser o que não sou, que nunca na vida “equilibrada” serviu para me definir. 
Isto sou eu sozinha com eles. Seguro em tudo, ajudam-me todos e saímos por aí.
Isto sou eu sozinha com eles. Tem tanto de bom, como de sorrisos a pensar no conforto de quando somos 7, porque só conseguimos ser estes 6, por haver um Luis. (A fotografia foi tirada por um senhor que não só me deve ter achado louca, como teve a maior paciência da vida à espera de estarmos “montados”).


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Oh Alentejo. 5 de Junho 2022.

Ora bem, pela primeira vez aceitei um convite para ir passar uns dias a um sítio. Quer dizer, a um hotel, que convites de amigos aceito muitas vezes e até me faço de convidada. Mas adiante. Era no Alentejo (e a minha miúda mais velha está meia surda e o médico mandou-a fazer muita praia, e eu, que nem gosto disso, passei agora a ter uma óptima razão para lá ir – estou a seguir indicações médicas. Não é lazer).
Depois tinha ouvido falar bem e olha, siga. Mas antes de chegarmos, fomos aviar a receita do médico – muitos mergulhos. Muy lindo. Descemos para a praia todos excepto o Vasco que ficou a dormir, e o Luis que ficou a ver dormir. 
Cremes, fatos de banho (sim sim, já sei que é melhor fazer isto tudo em casa), muitos castelos na areia. Muitos castelos desfeitos na areia. Muitas birras de “mãe, a X está a saltar no meu castelo” e por aí além e de repente aparece o Vasco como veio ao mundo e de t-shirt. Bonito, ainda nem chegámos ao destino final e já temos uma cadeira do carro cheia de xixi.
Mas de resto a praia foi como se quer. Pelo menos como o Luis quer: ele a dormir e eu a comer areia (nem sei para que é que ponho creme, que considerando que tenho sempre 2 em cima de mim, e a restante parte fica coberta por areia, well well well, que dinheiro deitado à rua). 
Estava um vento meio gelado, mas só saímos de lá pelas 6:30. Depois era só jantar e ir para o hotel. Claro que o sítio que tínhamos pensado (e não reservado para jantar) estava cheio. Claro que a Margarida estava ferrada a dormir, e foi na cadeirinha de carro para o restaurante, onde lá ficou a maior parte do jantar (jantar dos outros, porque ela nem comeu nada). A Carol veio ao mundo com um gosto finíssimo e a primeira coisa que diz quando entramos no restaurante é: mãe, quero camarões. Ora essa, muito bem, podia ter pedido santola, que diz que mesmo assim é mais caro. E os outros, enfim, estava tudo podre e foi tentar aguentá-los ao máximo sem fazerem asneiras, de maneira a que conseguíssemos todos jantar. Lá prometemos um gelado a quem acabasse (because…well, i’m only human after all) e…don’t blame on me, e acabaram todos os brócolos, a cenoura e o peixe.

Pronto, certíssimo. Vai daí que nos enfiámos todos no carro e começamos a andar a seguir o googlemaps. Em 20 minutos estamos lá, achava eu. De repente fico sem net, porque gente fonas tem limite de net diário e eu tinha estoirado o meu. Tudo bem, não vou precisar. Será? (Ler com pronúncia brasileira, claro).
O Luis vai a uma velocidade meio meio (que na minha modesta opinião ele vai sempre é a pisar ovos) e vai de repente que entra num caminho duvidoso. Tão duvidoso que perguntam lá atrás: estamos perdidos? (Ah, que bom ter filhos que nos conhecem!). 
Nãoooo! Sabemos onde estamos, sem problema. 
Continuamos, e eu a pensar que o hotel deve ser mesmo chique, porque só lá devem entrar carros com tracção às 4. Segue segue segue segue. Passamos uma senhora poça de água que nos fez duvidar se íamos ficar atolados, continuamos e ecco, um portão onde se lia: caça turística, ou qualquer coisa assim. O Luis já está a duvidar do caminho e claro que lhe digo: um dia vais deixar de ser aventureiro, hoje não é o dia. 
Mas se calhar devia. 
Eu abro o portão a pensar que deixei aquele país de loucos com armas para ver se levo um baláz!o aqui, por me confundirem com um urso, mas ainda assim, abro-o com convicção. Continuamos. Aquele caminho, a que chamámos caminho de cabras logo desde o princípio, passa a fazer jus ao nome quando, ora lá estão elas, 50 ovelhas a passear-se. E nós continuamos até que, ups, começa a haver areia. E areia. E mais areia. E nós a começarmos a não conseguir avançar mais (admito que me fez lembrar alguns caminhos na Guatemala, mas em modo mais soft). Vai daí que começamos em marcha atrás, que nem dava para dar a volta. 
E é ali o momento em que ligo ao meu paizinho para me descobrir o número do hotel para eu saber se aquele é mesmo o caminho e se me vão mandar um helicóptero (porque sim, se é para oferecerem cenas, quero o kit completo). Ah, e por ligar ao meu pai entenda-se que lhe dei um toque, tal qual adolescente, que eu pago chamadas e o meu pai não.

Em 2 minutos tinha um número e ligo à senhora que deve ter achado que eu era a pessoa mais toina deste mundo, mas fez o ar mais amoroso da história e com toda a paciência me explicou tudo para dar a volta, porque obviamente estava no caminho errado. (Olhem eu a revirar os olhos agora mesmo! Puff, já está. Não à senhora, mas ao amigo do googlemaps que é um inútil!). 
Os miúdos a acharem que estavam novamente num filme de terror. Nós a dizermos-lhes que íamos dormir numa tenda (e a resposta foi: mas vamos ficar molhados? Well well, acho que estão traumatizados, claramente). E em 30 minutos já tínhamos chegado (depois de uma paragem no meio da estrada ao ouvir: as minhas cuecas já têm um bocadinho de xixi, tenho mesmo que fazer). 
Não sei dizer como é o sítio, que estava escuro e tal, mas senhores, acho que os nossos quartos (sim, temos mais do que um quarto, que sonho!) são maiores do que a nossa casa. E a simpatia é maior do que os quartos. E as bolachas e fruta deixadas com chocolate já nos conquistaram. Bem, o chocolate a mim não me conquistou nada, porque quando reparei, já só havia chocolate nos cantos das bocas dos miúdos. 
E é isso. So far, so perfect. (Amanhã digo se o meu mood se mantém, que a Margarida não jantou, portanto vai acordar com fome, eu não tenho leite para lhe dar, e acho que ela não vai querer peixe com brócolos, portanto, sinto que vai correr bem!). 
Obrigada @herdadedamatinha por nos receberem tão bem, embora tenha ficado aquém o facto de não ter havido um helicóptero. Pensem nisso para a próxima. Sem pressão. 
Só tenho fotografias do dia. Amanhã logo se vê o resto.


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Meu Vasquinho. 5 de Junho 2022.

Faz hoje 3 anos e um dia que demoraste para sair aqui de dentro (atrasado, como eu aqui, e portanto tudo bem!) E vieste de cara para o céu e não para o chão, logo a mostrar que eras torto p’ra cacete e a fazeres-me vomitar várias vezes antes de dizeres olá ao mundo. 

Não ia ser fácil, portanto. 

És o que faz mais birras e amuanços, e isso deixa-me nervosa e doente. Mas depois és quem dá mais abraços, quem encosta a cabeça no meu ombro, quem faz um beicinho mais querido e espetas esse teu rabo e endireitas esse teus 50 centímetros de pessoa (ou lá quanto medes, porque obviamente que não faço a menor ideia), e sais para a vida como se nada te afectasse. 

Tens uma gargalhada adorável e não sabes mentir, e não, não digo isto com ar de quem és um anjo. Acho só que ainda não percebeste que se calhar não te corre bem quando admites todas as asneiras que fazes. Mas depois és o rei a pedir desculpa. E um príncipe no meio deste mulherio todo que te trata de igual para igual, como se quer e devia ser sempre. 

És o meu Vasquicos querido, o meu miúdo com cara de queijo bola e coração de manteiga, que põe sempre os sapatos ao contrário e me diz, mãe, i love you too, mesmo que eu não o tenha dito in the first place. Mas terei sempre pensado. 

Parabéns, boneco. 
(Obrigada a quem deu esta maquineta de puns e arrotos. Adoraram!)